15 de jan. de 2014

Droga não é diversão (crônica)




Todos aqueles que usaram ou usam qualquer droga (incluídos aí também a nicotina e o álcool) sabem dizer exatamente o mal que cada uma delas pode fazer. Só um hipócrita cínico não admitiria isso. Eu usei drogas e convivo com muitos que já não usam mais e também com quem usa, por um motivo ou por outro. 

Dentre os que usam ou usaram substâncias psicoativas é comum muitas brincadeiras e piadas que descrevem muito bem os efeitos colaterais de todas elas. E nisso vamos rindo do bebum tropeçando, do garoto esquecido e desorientado, do quarentão mordendo a boca estratelando ou acalmando a nossa paranóia consumista com um trilutililiu qualquer... 

Nesse contexto minha preocupação não é se vão vender drogas, dar ou jogar pro alto... se o capeta, Deus, São Jorge ou o dragão são malucos ou não... se é livre, com receita, proibido ou um crime. Nem tão pouco posso fazer nada sobre as pessoas que se divertem ou se dão bem com isso, seja usando drogas ou ganhando $$ com elas... se são honestos ou malaquias... se têm metralhadoras... ou sei lá por quê? 

Minha única preocupação, meu trabalho e minha missão, é com aqueles que alguma vez, de repente, já se sentiram estranhos usando alguma dessas drogas como eu me sentia muuuuito estranho desde a primeira vez que usei. Aqueles que estão confusos, que não entendem o que está acontecendo e até mesmo estão com medo. Que tentaram envergonhados pedir alguma ajuda. Que estão sofrendo em segredo ou na sarjeta nessa história. Minha apreensão está em criar e manter os poucos espaços existentes para que estas pessoas possam entender e escapar do que vai acontecer com elas quando as drogas já não aparentarem ser mais um entretenimento, uma diversão.









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