18 de set. de 2020

alucinações (poema)




alucinações: os deuses felizes ficam perfeitos quando são feitos em estátuas de pedra... para simbolizar a eternidade deveriam ser sempre feitos de vidro tosco e fosco... o automóvel está para um apocalipse tenebroso assim como a bicicletinha está para uma brisa mansa e fresquinha que acalenta um brotinho tenro e delicadinho...





alucinações: só se conhece o seu lugar quando fora deste ficar... quanto mais distante uma solução parece estar mais de perto o problema se deve olhar… a felicidade não vai se provar apenas forçando a boca arreganhar...

18 de abr. de 2020

talvez, talvez não
tenha errado eu em deixá-las
distantes do fogo, eu mesmo estive
depois de tanto tempo
quando o acendi
vocês já haviam partido

talvez tenha faltado
tão tarde quando o pude
tão ingênuo, tão confuso

na alma já o havia aceso
na matéria o sonho chega por último
e nesta terra tão triste, nesta terra tão linda
este povo tão estúpido, este povo tão lindo
sempre um índio sem nunca ter sido um índio
sempre uma viagem que ainda não começou
sempre um coisa que de dentro arrebenta e já acabou

talvez nunca escrevi aquilo que ainda tento
talvez perdi vocês nesse mundo
nessa minha saudade,
pois saudade é nossa única aventura
do grande mar cruzado, rasgado, sangrado
horrendo, maravilhoso, sangrento, maravilhoso

a terra vista, terra, terra, terra
o fogo consegui acender ontem
teus sorrisos as crianças que vi
teus caminhos sigo no rastro, não perdi

floresta dentro de mim
cachoeira dentro de mim
fogueira dentro de mim

o que fizeram agora
quanta lonjura agora
perdoem não sabia
se é o fim agora acendi o fogo
espero, espero e vai arder até voltarem
alguém tem que voltar de onde
saudade, crianças, fogueiras, risadas