9 de fev. de 2022

alucinações (poema)

alucinações: se é verdade que apenas com a intuição se vai a nenhum lugar, tanto mais que sem esta não se chega a lugar algum... o poder do tirano é a quantidade, já o do herói é a qualidade... entre a vigília e o sono vive o devaneio...

escala mortal (crônica)

o mundo humano já é imenso, ninguém realmente faz ideia aonde chegamos, e não há mais retorno; todas essas máquinas gigantescas, monstruosas, agora nos ditam o tempo, a velocidade e uma força tecnológica autômata que já nos é humanamente impossível acompanhar... e nessa tragédia, se o poder triturador de tal tirania absoluta, que nos torna nada em nós mesmos, está na imposição de uma quantidade colossal de movimentos grotescos e assombrosamente barulhentos e ofuscantes sobre uma escalada assustadora de nossa desumanização... a única resistência possível, e sempre foi esta, está na reescrita de uma poesia arcaica, de uma ingenuidade, simultaneamente, heróica e infantil... e que estes sejam os heróis de seu próprio cotidiano... os poetas, pela recriação da qualidade de uma alma rústica, primitiva e artesanal, para cada ínfimo pensamento, sentimento ou ato neste mundo...

alucinações (poema)

alucinações: nos infinitos cantos silenciosos do caos... a felicidade é uma tristeza adestrada... todas as oportunidades envelhecem...

6 de fev. de 2022

admiro (prosa poética)

Admiro aquele que, com profundo pesar e sobriedade, quebra uma regra imbecil. Desprezo aquele que, com inconsequência e sarcasmo, quebra uma regra imprescindível.

a melhor felicidade (prosa poética)

a melhor felicidade é dessas que está no minuto de silêncio, que podemos prestar por se estar vivo; ou naquela que sai do canto da boca quando se encontra uma frase de alguém famoso e que achamos seria um amigo nesta nossa solidão; mesmo aquela uma quando, heroicos, salvamos uma formiga do dilúvio do chuveiro; naquele certo instante quando percebemos que aquela má escolha, de repente, agora virou um bom conselho; quando num lugar qualquer e num momento por onde e por alguns segundos ninguém vai nos encontrar, descobrimos que a vida ainda é muito pouco nesta sua imensidão insuportável...