17 de jan. de 2014

drogas... discussão inútil? (crônica)




Vamos lá! Dizem as más línguas que Sócrates foi preso e condenado à morte, um dos motivos, porque enchia o saco dos especialistas provando que, embora estes soubessem tudo de sua área, isso não era necessariamente e muito menos automaticamente estendido para todos os assuntos. Eu vejo os famosos darem declarações, acho umas coisas doidas, mas só tenho o facebook pra escrever e alguém ler (acho que pra eu mesmo ler, como se fosse importante). Valei-me Sócrates! Dráuzio Varella. Personalidade de importância indiscutível. Grande especialista. Escritor de talento e “formador de opinião”, como dizem. Assunto: internação compulsória de pessoas na sarjeta fumando casca. Aí, vem e fala o seguinte (veja como esse pensamento é perigoso e confuso, mesmo vindo de uma pessoa tão importante como ele é nessa área): “ninguém tem receita exata para tratar dependentes de crack... politizar a questão torna a discussão inútil...” Bem, mas se ninguém tem receita exata, quer dizer que existem inúmeras maneiras possíveis de escolha. Então, embora eu não saiba ao certo o que ele quis dizer com “politizar a questão”, acredito que, pela tradição do significado de politizar, do ato político seria: discutir? Problematizar? Escolher? Ora, por que alguém inteligente, um cientista, diria que discutir e problematizar é inútil? Seja quando for? Pois, então, o que está sendo implantado em são Paulo não foi discutido? É um chute então? Ou é um tratamento tão certeiro que nem é preciso pensar e discutir sobre como executá-lo? Mas, então, o doutor se desmente, pois, se este tratamento oficial não carece discussão, quer dizer que este é, desta maneira, a única receita exata, que ele disse não existir? Será que não é exatamente o oposto do que a autoridade diz? Seria então o momento exato para não deixar de discutir e, aí sim, parar de fazer e fazer e fazer sem pensar, sem problematizar?























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