26 de jan. de 2014

homolixus (crônica/arte)





não gosto de falar arte... arte se tornou uma divindade, um orixá, um ícone... deixa ela pra lá... pois é algo que já se acredita tão puro que serve apenas para fomentar a fé nela mesma... gosto de falar artístico... artístico é processo, é artesanato, é humano e dolorido... faz parte da vida... bem... o processo artístico é subjetivo? é! o processo artístico pode ser então algo inconsciente? pode! e nessa irracionalidade pode ser coletivo? pode! e... sendo coletivo muitas vezes é anônimo não é? é! e aí eu sempre gostei (e não sou o primeiro) de encontrar por aí obras artísticas que aparecem do nada e são criações espontâneas, coletivas e anônimas... porque tem muito mais a nos dizer sobre nossa existência do que as obras individuais e nomeadas pelo egocentrismo pedante dos artistas... ao contrário são resultado de muito tempo e realizadas por muitas pessoas... um muro com uma textura sublime... um outdoor raspado e raspado que se transforma numa abstração maravilhosamente composta e de cores incríveis... pedras, canos, peças velhas ou galhos deixados num arranjo poético encantador e que revelam uma imensa história e simbologia dos atos e sonhos humanos numa única visão espantosa... esta obra aqui da foto foi a Isabella que encontrou e fotografou... achei muito forte e embora extremamente deprimente... somos nós... chamamos a descoberta de vários nomes... “a árvore da morte”... “a sarça reversa”... é a obra principal da nova humanidade... eu colhi seus frutos que revelam o mais atual ser humano... o homolixus...






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