31 de jan. de 2014

imaginação e fantasia... (crítica/arte)






























imaginação e fantasia...


O trabalho artístico que apenas elabora uma fachada de equilíbrio é o da fantasia e este se afasta da imaginação porque esta busca ao contrário, o desequilíbrio. Assim como o trabalho da personalidade é diferente do trabalho da alma. Pois para a personalidade a mentira é que é convincente, o verdadeiro que me aparece é amoral e injustificável pela noção anímica. Este paradoxo é que alimenta o potencial criador de meus temas mitológicos. E para ser mitológico na minha tentativa insana de colocar toda mitologia possível toda vez em cada trabalho, preciso diferenciar sempre uma situação fantasiosa que a personalidade comumente fabrica, de uma outra condição anímica típica da imaginação poética. Como me lembra Gaston Bachelard:

“Não é raro reconhecer nessas imagens poéticas uma consistência particular que não pertence a imagens reunidas pela fantasia. Elas são dotadas da maior das realidades poéticas: a realidade onírica.”

Neste sentido, a realidade onírica nunca foi e nunca será dedicada apenas à formatação de uma moralidade como a fantasia pode ser, como a propaganda é. Deste modo, um dos temas que me inspiram é o tema primitivo da verdade que acredito é uma potência motriz destes movimentos da realidade onírica que invade o mundo seja qual for a condição do momento. O impulso desse tema se aproxima da relação que pode estabelecer a alma artística com as imperiosas e sublimes catástrofes da existência. Essa é a força inegável, verdadeira portanto, que realiza a intuição desse tema. Uma tragédia que é possível, e obrigatória, de ser vivida.









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