21 de jun. de 2025

História da Alma da Arte (Curso História da Arte)

 




“Daí a função de uma arte aberta como metáfora epistemológica: em um mundo em que a descontinuidade dos fenômenos colocou em crise a possibilidade de uma imagem unitária e definitiva, isso sugere uma forma de ver o vivido e, ao vê-lo, aceitando-o, integrá-lo em nossa sensibilidade. Uma obra aberta enfrenta plenamente a tarefa de oferecer uma imagem de descontinuidade: pois não a descreve, é a própria descontinuidade. É um mediador entre a categoria abstrata da metodologia científica e a matéria viva de nossa sensibilidade; quase como uma espécie de esquema transcendental que nos permite compreender novos aspectos do mundo.” Umberto Eco

 

 

História da Alma da Arte

 

Proposta de Curso Intensivo de História da Arte - Uma Visão Semiótica

Por Fernando H. Catani - Mestre em Educação

 

 

Ementa: Curso rápido de introdução à história da arte partindo do senso comum da divisão em períodos. Uma aproximação semiótica da história da arte. A realidade do artístico e o mito da arte. A invenção dos períodos da história da arte. Uma aproximação não linear à história da arte. Proposição de um olhar poético-estético sobre a história da arte. As disposições subjetivas e objetivas, o signo, o significado e o significante, nos períodos da história da arte. A apropriação da história da arte para a compreensão da própria humanidade. Uma visão da alma da arte.

 

 

Apresentação

 

Educador, poeta e artista visual. Formado em pedagogia pela Unicamp. Com Mestrado em Educação (M.Ed.) nesta mesma Universidade, numa dissertação sobre algumas qualidades específicas dos processos de criação artística e da observação de obras de arte intitulada: “Uma Visão da Alma Artística”. Como educador/pesquisador, organiza atividades educacionais para o desenvolvimento de processos poético/estéticos de criação artística desde 1998. Estuda atualmente, inspirado num paradigma semiótico que orbita entre Bachelard, Hillman, Eco e Barthes, alguns arquétipos conceituais inerentes a esses processos de criação poética/estética e às obras de arte como um todo, organizados numa tese chamada “A Rosa de Seis Pétalas - Os Temas Primitivos da Alma Artística”. Apresenta-se aqui, além da introdução aos fundamentos da reflexão semiótica, uma tentativa de desconstruir as abordagens convencionais, positivistas e eruditas sobre a história da arte, em busca de encontrar uma forma intuitiva, fenomenológica e lírica que se aproxima do modo em que os processos artísticos factualmente se desenvolvem.


Justificativa


Os cursos de história da arte constantemente oferecem aulas que valorizam apenas uma linearidade do pensamento, a cronologia das datas, a hierarquia das obras, a notoriedade dos nomes dos artistas e a tecnologia da produção artística. Porém, raramente alcançam um dos mais importantes e fundamentais fatores do trabalho artístico: a sua alma, a qualidade que funda o processo do artista e da sua arte no seu tempo. Aquilo que cria a cultura e que se expressa nos seus temas poéticos e estéticos. Que é a essência da relação profunda entre a sua subjetividade e a sua materialização. Assim, a proposta desse pequeno curso é disponibilizar uma abordagem semiótica da história da arte, fenomenológica, que pode agregar novos e inesperados instrumentos intelectuais ao participante, para que este fundamente e amplie a sua capacidade de entendimento da importância da arte como o fator mais extraordinário da vivência, da criação e da compreensão das culturas, das civilizações e do ser humano, ao propor um viés que supera intensamente a noção de que a expressão artística é apenas um objeto de erudição, de deleite, de entretenimento, divertimento ou ostentação.


Desenvolvimento

 

Nesta perspectiva surgem algumas questões a serem apresentadas:

- Como se formam os temas subjetivos (significados) e objetivos (significantes) que podem ser encontrados nos períodos da história da arte?

- Como reconhecer estas obras (signos) na sua época através de seus temas poéticos e estéticos?

- O que essas obras têm a revelar sobre a substância anímica e a materialidade cultural de seu tempo?

- A formação do ser humano contemporâneo

 

Objetivo

 

Com a apresentação de um arquétipo, formado por conceitos, desenvolvida nessa aproximação aos aspectos semióticos do processo artístico, que se pode chamar de “disposições poético/estéticas da alma da arte”, oferecer ao participante a capacidade e a autonomia para a compreensão de alguns possíveis movimentos da imaginação, enquanto fenômenos da significação, e da construção dos temas artísticos, pela observação dos seus signos. Então, busca-se fundamentar uma oportunidade da visão da expressão artística no seu tempo e no seu espaço, através do exercício de reconhecimento de seus principais elementos poéticos e estéticos, tanto subjacentes como explícitos, pela compreensão da sua aparição em alguns dos mais importantes momentos da história da arte.

 

Metodologia

 

A duração ideal do curso é para um total de doze horas aula, desenvolvidas nas seguintes atividades:

- Palestras expositivas, discussões orientadas, visualização de imagens, pequenos trechos de textos escolhidos, trechos de audiovisuais e de filmes (é necessário equipamento de mídia disponível).

- Pequenas oficinas artísticas de desenho, pintura, colagens, fotografia, para cultivar a imaginação artística e o desenvolvimento da intuição poética dentro da proposta do curso (é necessário material artístico disponível: papel, lápis, giz de cera, pincéis, tinta guache, copos e paletas).

 


Bibliografia

 

ARGAN, G.C. (1992). "Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos". São Paulo: Companhia das Letras.

ARGAN, G. C. (2005). "História da arte como história da cidade". 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 

BACHELARD, G. (1979). “A Filosofia do Não”. São Paulo: Editora Abril

BARTHES, R. (1971). “Elementos da Semiologia”. São Paulo: Cultrix

CATANI, F.H. (2011). “Uma Visão da Alma Artística”. Dissertação de Mestrado. Campinas: FE-Unicamp

ECO, U. (1968). “Obra Aberta”. São Paulo: Editora Perspectiva

HAUSER, A. (2000). "História Social da Arte e da Literatura". São Paulo: Martins Fontes.

HILLMAN, J. (1983). “Psicologia Arquetípica”. São Paulo: Cultrix

PLATÃO. (2010). “Teeteto”. Porto: FCG

TARKOVISKI, A. (2002). “Esculpir o Tempo”. São Paulo: Martins Fontes

VYGOTSKY(1999). Psicologia da Arte.São Paulo: Martins Fontes






Uma Coisa Que Não Existe (Curso Escrita Criativa)

 




“A poesia é uma metafísica instantânea. Num curto poema, ela deve dar uma visão do universo e o segredo de uma alma, um ser e objetos, tudo ao mesmo tempo. Se segue simplesmente o tempo da vida, ela é menos que esta; só pode ser mais que a vida imobilizando-a, vivendo no próprio lugar a dialética das alegrias e das dores. Ela é, então, o princípio de uma simultaneidade essencial em que o ser mais disperso, mais desunido, conquista sua unidade.” Gaston Bachelard

 

Uma Coisa Que Não Existe...

Proposta de Curso Intensivo de Escrita Criativa 

Por Fernando H. Catani - Mestre em Educação

 

Ementa: Oficina de escrita criativa desenvolvida através da exposição do processo de construção do poema e da crônica. O fenômeno da escrita na intuição semiótica. A importância da leitura e do olhar como instigadores do pensamento literário. A necessidade anímica e espiritual da escrita. A essência mágica da palavra. A aparição do verso livre. A coleta cotidiana da matéria prima para a escrita. O florescimento do mote e do tema. Os fundamentos da organização do texto antes da escrita. A materialização do texto bruto. A elaboração escultural do texto. O refinamento e a finalização do texto. O reconhecimento de si mesmo no texto final.

 

Apresentação

Educador, poeta e artista visual. Formado em pedagogia pela Unicamp. Com Mestrado em Educação (M.Ed.) nesta mesma Universidade, numa dissertação sobre algumas qualidades específicas dos processos de criação artística e da observação de obras de arte intitulada: “Uma Visão da Alma Artística”. Como educador/pesquisador, organiza atividades educacionais para o desenvolvimento de processos poético/estéticos de criação artística desde 1998. Estuda atualmente, inspirado num paradigma semiótico que orbita entre Bachelard, Hillman, Eco e Barthes, alguns arquétipos conceituais inerentes a esses processos de criação poética/estética e às obras de arte como um todo, organizados numa tese chamada “A Rosa de Seis Pétalas - Os Temas Primitivos da Alma Artística”. Apresenta-se aqui, além da introdução aos fundamentos da reflexão semiótica, uma tentativa de redimensionar as concepções e a capacidade dos participantes acerca da produção de uma escrita original. Partindo do poema, pela sua excelente qualidade instintiva, elemento fundamental para a subjetividade dos conteúdos literários, e circulando entre os elementos da crônica, que exercita outra fronteira importante para o texto, na sua qualidade intuitiva para a escrita objetiva, apresentando ambos para a compreensão do instante em que o texto se inventa.

Justificativa

Acredito que uma questão é fundamental na organização da escrita criativa, principalmente para iniciantes: o melhor caminho não é pela apresentação de técnicas, mas sim, pela compreensão dos movimentos do impulso poético que motiva o escritor. Uma aproximação pelo elemento poético e pela qualidade estética das realizações literárias, no cultivo da imaginação, vai gerar muito mais qualidade no aprendizado da elaboração do texto. Aqui é necessário dar espaço para que o iniciante exista. Por isso a importância do diálogo fenomenológico, espiritualidade/materialidade, poética/estética, como principal elemento da proposta artística, como a provocação de uma tensão filosófica e não apenas um conjunto de regras, normas, medidas e gráficos. A técnica, de um modo ou de outro, surge ou se adapta no momento certo. Por isso esta proposta é negativa e transgressora. É um ‘não fazer’. Porque é somente neste estado que se fomenta a intenção artística. Sem o impulso poético nunca haverá a realização estética e, por mais que se invista nas técnicas, o texto criativo não nascerá jamais.

 

Desenvolvimento

Nesta perspectiva surgem algumas questões a serem apresentadas:

- Como os fatos nos afetam literariamente?

- Como nasce o tema que nos inspira?

- Por que é o mote o guardião do segredo do texto poético?

- Qual é a necessidade do texto?

- Como começar a escrever um texto?

- Como nasce uma técnica de escrita?

- O herói da personalidade é a fantasia

- O herói da alma é a imaginação

- O herói do espírito é a criação

 

Objetivo

Possibilitar o entendimento de que a construção do texto integra em sinergia estes dois aspectos, o subjetivo e o objetivo, o instinto e a intuição, para assim instigar a escrita criativa na sua elaboração poética/estética e não apenas pragmática, tecnicista e mecânica. Demonstrar, partindo de uma aproximação aos aspectos semióticos do processo da escrita, que a técnica criativa é fruto da reflexão, pessoal e cotidiana, entre a teoria, aquilo que se entende, e a prática, aquilo que se faz, e não um produto que se pode comprar pronto, um molde que se pode forçar sobre uma realidade. Por outro lado, na sugestão do mote: “alguma coisa que não existe”, aparece um pedido que coloca o participante no âmago de seu imaginário através de uma inversão reflexiva que o instiga a uma alteridade absoluta na criação, pois, ao tentar imaginar algo que não existe, penetra no cerne do movimento da própria imaginação. Busca-se o momento em que estaremos diante da possibilidade de descobrir intuitivamente como as questões artísticas inerentes à nossa situação na civilização contemporânea podem afetar nossa consciência imediata das coisas. Poderemos, deste modo, encontrar diretamente nossas maiores ansiedades e elaborar o que é importante para cada um dizer ao mundo. É preciso permitir que sejam elaboradas estas inquietações para que o tema do artista, do escritor, surja dele mesmo.

Metodologia

A duração ideal do curso é para um total de doze horas aula, desenvolvidas nas seguintes atividades:

- Palestras expositivas, discussões orientadas, visualização de imagens, pequenos trechos de textos escolhidos, trechos de audiovisuais e de filmes (é necessário equipamento de mídia disponível).

- Pequenas oficinas utilizando a criação de colagens e exercícios de escrita, para cultivar a imaginação criativa e o desenvolvimento da intuição poética dentro da proposta do curso (é necessário material disponível: papel, lápis, cola de papel, tesouras, jornais e revistas para recortar).

- É previsto também a possibilidade da orientação sobre a produção dos textos dos participantes entre um encontro e outro via email, ou whatsapp.




Bibliografia

BACHELARD, G. (2007). “A Intuição do Instante”. Campinas:Verus

BARTHES, R. (2015). “O Prazer do Texto”. São Paulo: Perspectiva

BAKHTIN, M. (2011). "Estética da Criação Verbal". São Paulo: Martins Fontes. 

ECO, U. (2000). “Como se Faz Uma Tese”. São Paulo: Perspectiva

FREIRE, P. (1989). “A Importância do Ato de Ler”. São Paulo: Autores Associados-Cortez

HILLMAN, J. (1983). “Psicologia Arquetípica”. São Paulo: Cultrix

PROUST, M. (2001). “Sobre a Leitura”. Campinas: Pontes

TARKOVISKI, A. (2002). “Esculpir o Tempo”. São Paulo: Martins Fontes

    





 

14 de jun. de 2025

O Viço e o Vício (anotação)

 


O Viço e o Vício


"For canker-vice the sweetest buds doth love..." William Shakespeare¹


Na batalha entre os modelos uma visão suspensa é impossível. A consciência de escala é a única saída pacífica. Um modelo é em si mesmo um fragmento da superfície e, assim, enxerga raso e fragmentariamente. A escala é abrangente, polissêmica, complexa e diversamente profunda. Como nos diz o poeta: "os vícios mais apodrecidos amam as mais doces flores em botão". Alguns os veem como um desvio factual de caráter, intencional, pois esta é sua forma mais aparente, sugerindo modelos com seu elenco de punições como solução. Alguns outros já observam que no vício há uma dor, inconsciente, como uma característica fatídica que, porém ainda num olhar superficial, deve ser o objeto da análise e propõem algum modelo de mitigação e de sublimação da mesma. O que estas primárias aproximações não entendem é a perspectiva do próprio adicto dentro da escala humana, ainda o veem somente externamente, mas é importante que o próprio adicto um dia reflita, o descubra por ele mesmo e o diga. O tema central do vício, muito antes de um mau caráter ou de uma dor, embora se desenvolva neste um caráter ruído e um sofredor exaurido, é a decepção, como um desejo espiritual traído, uma aspiração falida, uma expectativa furtada ou um talento fracassado. O desprezo por si mesmo e por todos, toda essa dor e sofrimento é um emboloramento, é apenas uma pátina que se cria envolvendo esta decepção, ainda assim para protegê-la, porque é na própria decepção que está a essência da personalinade tentando o alinhamento com a alma, pois é somente o que um dia foi viçoso, mas que não foi cultivado, que deteriora em algo vicioso. Sendo que esse vício, na dor e no comportamento que provoca, é o esforço intuitivo e instintivo para entender aquela decepção, revivendo-a constantemente, na esperança de revelar à consciência qual qualidade anímica foi decepcionada. O vício é já a agressão e a dor em si mesmo, como resultado daquela decepção incompreendida. Então, para adotar aqui a perspectiva de escala, não se descarte nada e se comece perguntando o porquê do vício, depois o porquê da dor e, finalmente, se busque a pergunta que está no encontro com a pequena fratura anímica de uma decepção ignorada, de uma virtude que ali se perdeu e será redescoberta, que passará a ser uma parte realinhada, na salvação de seu sentido retomado na lembrança do exato instante anterior ao seu colapso, em que se revelará toda a delicadeza de uma alma que repreecontra sua vocação e seu destino.




1-"Sonetos" de William Shakespeare. Tradução de Jorge Wanderley (edição bilíngue, Civilização Brasileira, 1991. Soneto 70.





11 de jun. de 2025

Eco e Caos (crônica poética)





As paisagens contradizem as fronteiras, porque estas nascem para desonrar aquelas. Assim como uma mentalidade matemática pragmática exclui da vida uma consciência filosófica poética, esquecendo que a gênese duma racionalidade bruta reside numa irracionalidade destilada. Talvez alguma equação de convolução, na dialética eterna com uma expressão da estética, pudesse compreender esta espécie rara de relação semiótica quântica, carismática versus erudita, entre eco e caos, ou, para simplificar: o carma...