13 de out. de 2022

vitórias (poema)





Mesmo quando nada está presente

Alguma coisa real e completamente absurda

Alguém me vem dizer como continuar

Assim continuo andando sem rumo

Mantenho o ritmo dos passos sem pensar


Contribuo de uma forma para um único fim

Onde sons e assombrosas presenças nos assustam

É um movimento náufrago e obeso

Sonoro e insípido como muitos dias nublados


Estamos todos aqui sem nenhum nome real

Mas pelo menos nos reconhecemos amigos fiéis

Muitos desses ditados nos confundem

Muitas destas horas acabam por matar-nos


Nunca existiu piedade para os desertores

Mas todos eles tinham algo a dizer

Um segredo perigoso e inacreditável

Amores insuperáveis perante grandes júris

Os quais sempre se negam admitir


Estas falhas assim nos furtam do silêncio

Deixaram as simples obras sem glória

Como nos tempos das terríveis batalhas

Nos campos de honrosas medalhas


Hoje então não deixaremos de pensar

Nestes corpos solitários e abandonados

Lembraremos de todos que aqui estiveram

Faremos seus túmulos com nossos próprios corpos

Quando o momento da verdade estiver exigindo

Quando numa sublime hora nossa alma deixar

Quando nosso sangue neste instante fluir sem medo

Então estaremos entregues ao absoluto momento

Qual um pássaro inocente e viajante nos abertos espaços

Nos infinitos sonhos de um deus sem pretensão de vitórias





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