5 de jul. de 2016

acostumado ao sacrifício (poema)





Se essa hora fosse que deveste morrer
Saberias que sempre te encontraria
Em qualquer brisa ou redemoinho de vento
Que me desse essa sensação abandonada
Que nosso encontro em vida tinha
Amar é muito ligado ao saber-se morto, distante
O amor é o que sentimos desde que começamos a nos separar
O amor foi criado nesse movimento
Quando nos reencontramos, sentimos o que chamamos amar
Mas amar é o descanso de nossa eterna dor de nos separarmos
O amor é repouso, o amor é silêncio, o amor é espanto
Depois de tantas lembranças esquecidas
Se esta hora é a que devo morrer
Entrego-me, pois te amo
Estou pronto para sofrer tua distância, tua lonjura
Vais me encontrar agora no canto dos olhos molhados
Nos instantes iluminados por um sol que cega, seco
Entre teus sonhos esvaecidos
Naqueles lugares que só podes imaginar
Em teu coração tão acostumado ao sacrifício
No sentimento daquilo que de melhor eu pude fazer por ti