8 de fev. de 2016

exílio inverso (poema)





era num exílio inverso de nunca ter uma herança
nem prisão ou proibição ou algo que não à deriva
e só saber dum lugar seria dum crime uma prova
paisagem ou música ou alguém ou lembrança

às vezes nada para ficar ou apenas continuar
olhando para as ruas de um cais quase vazias
sonho perdido no vento e nas madrugadas frias
sem saber o que deve levar ou o que pode deixar

álibi que navega e noutro devaneio e noutra vida
que busca neste silêncio esquecido sua quimera
alcançar o porto donde saindo por doída partida

rasgar a antiga saudade e rumar sem bandeira
o que era nunca foi e espera o que é lá encontrar
recruzar nesse mar e noutra vez ter a alma inteira