8 de jan. de 2016

olhar selvagem (poema)



amante das plantas que
podem ser esquecidas
dos cachorros com coragem
que andam sozinhos pela vida
dos gatos que pulam da escuridão
e caçam a própria comida
das jararacas e das onças
e andorinhas que voam só de ida
samambaias, daninhas, cactus e um gavião
entre as pedras flores de campo com pólen
pedras pontiagudas entre as margens floridas
tristezas, sorrisos, saudades e um coração
daqueles dias e da solidão da paisagem
ermitão dessas lembranças rupestres
na velha ventania ondulando as margaridas
em nada do que seja de estimação
nada além daquele olhar de silêncio selvagem