31 de out. de 2015

o potencial do poema (crítica)




O importante na frase poética (que seria interessante não necessitar ser explicada porque é um poema e poemas não se explicam, pois, são em si mesmos a explicação de algo) não é qualificar ou definir o que sejam os sentidos, ou qualquer outro termo em separado, de uma maneira racionalista, mas, sob um afetamento poético e subjetivo, criado pela sua leitura intuitiva, provocar de uma maneira direta (por isso usar a forma do poema, pois somente uma metáfora pode ser entendida diretamente) a descoberta de que a inteligência é negativa e, nunca, positiva. E ainda, apontar que quem busca sair da ignorância, através de realizações incríveis, ainda age na ignorância e, por isso mesmo, fabrica mais ignorância destrutiva, sem sentido criador e, mais além, que a falta de sentido está exatamente em buscar essas realizações incríveis, o que é, justamente, o que está destruindo as coisas mais belas do mundo, ou seja, a sua inteligência, que é holística. Esse é o sentido do poema. Enfim, sem sentido, para todos nós humanos, é essa ansiedade pela realização fragmentada de coisas incríveis, ou melhor: sem sentido é a realização fragmentada em si mesma, ou ainda: sem sentido é a realização egóica e, sendo holística a necessidade, o sentido será arquetípico. Assim, terá sentido para todos os humanos ao mesmo tempo. Desta maneira a intenção não é controlar ou propor a razão, o próprio aforismo poético afirma isso de uma maneira subjacente, e por isso é sempre negativo o poema, mas sim, propor um arquétipo, provocar o movimento uma imaginação, exatamente, polissêmica e incontrolável, e não uma racionalidade fixa e concluída. Então, o próprio princípio da inteligência está sempre denunciado no poema, ou seja, o poema é em si mesmo, tem uma existência fenomenológica... em si mesmo... por si mesmo.