16 de set. de 2015

esporte das multidões... (crônica)



Como a morte do grande Sócrates nos fez entender (o filósofo e não o jogador), antes de tudo é preciso compreender os fundamentos de uma coisa e depois é sempre aconselhável aprofundar um pouco nessa coisa também (o que, no caso da extrema complexidade do futebol, o outro Sócrates, o jogador, demonstrou demorar quase uma vida toda)... porque senão não dá. Alguns acham que o futebol é simples, talvez porque não viveram nada dele, nunca correram pela rua até tarde, nunca foram com o pai assistir partidas numa noite fria e escutaram o barulho do chute na bola... e sentiram isso como um poema... E aí, do nada mental de que são cria os corneteiros, acreditam que, mesmo que nunca tenham se interessado por nada deste fenômeno humano incomparável (muitos dos quais sempre disseram que é apenas um monte de gente tonta correndo atrás de uma bola e se agredindo mutuamente)... possam, agora, em menos de um mês, já definir sua lógica, sua justiça e seus movimentos sublimes... No mundo do futebol há espaço para todos. Mas alguns deveriam humildemente (como ambos os Sócrates nos ensinaram ser o mais honrado a fazer) começar pelo começo. Assim, como alertou o pensador e viveu o boleiro, aprendam a torcer primeiro... comecem por se apaixonar pelo esporte das multidões... já seria uma grande coisa para, realmente, ser iniciado na devoção de seus ritos atávicos...