19 de out. de 2014

Voto, ‘junk food’, bebedeira... (crônica)




Voto, ‘junk food’, bebedeira... e os vizinhos que se fodam...


Uma das maiores dificuldades para quem quer se alimentar e beber saudavelmente é que os hábitos desregrados e abusivos são totalmente incompatíveis com os moderados e saudáveis, ou seja, a tendência é que se acabe por “escolher” um dos lados e se afaste do outro progressivamente. Parece ser bem verdadeiro. Quando se começa a optar por uma alimentação elaborada com esmero, delicadeza e qualidade, e a beber com moderação e responsabilidade, é quase certo que se abandone pouco a pouco a comilança e a bebedeira inconsequente. Ou então, permanecerá um constante e incômodo conflito no dia a dia; ainda somado ao próprio sofrimento causado pelos hábitos extrapolados e, pior, causando também sempre uma grande chateação naqueles que são obrigados a suportar socialmente as extravagâncias do abusadão, do glutão e do bebum, sempre espaçosão, cheio de vontades e certezas desmedidas. Acontece. Pois não?


Assim parece ser também com o interesse pelas campanhas eleitorais. Ao se deixar levar e se envolver nessa mentalidade que fabrica essas propagandas eleitoreiras, e mais ainda nos esforços autônomos e muitas vezes voluntários dos seus partidários, mergulha-se num redemoinho de obsessão e compulsão por uma tamanha ‘junk food’ e uma tal bebedeira, promíscua e troglodita, que aos poucos vai levar os pensamentos, sentimentos e ações a uma condição de vida deplorável. Como na situação alimentar, poder-se-á até achar que se está a comer bem se empanturrando, e a beber de tudo e à vontade... repetindo aquela mesma piada inúmeras vezes, gritando, arrotando e peidando alto, e que isso é o que sem dúvida é uma vida alegre e ativa, que deverá fazer bem a si mesmo e também aos seus próximos queridos, quando na verdade o que acontece é somente que se afasta cada vez mais, mais e mais profundamente, de uma capacidade de reflexão, discernimento, sobre a própria situação, de como resolver os problemas com parcimônia e de como entender as coisas verdadeiramente com inteligência.


Quando se quer uma vida política saudável, quando se quer o organismo social funcionando bem e livremente, e se é isso que se quer, é preciso abandonar essas campanhas apodrecidas, dessa esbórnia troglodita, sem nenhuma medida, respeito ou dignidade. Nesse ‘junk food’ e nessa bebedeira patética, com sua publicidade débil mental, o que acontece apenas é, sem se dar muita atenção, que se perde completamente, e às vezes de uma maneira irreversível, a compaixão por si mesmo e, muito ruim, pelo próximo... aquele único que pode realmente ajudar a resolver os problemas que devem ser resolvidos...




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