sempre falamos do infinito como alguma coisa externa, que está a nos rodear, a partir de nós para fora, para longe de nós, mas se é infinito, e para ser infinito, é infinito tanto para o imenso quanto para o ínfimo, ou seja, seja o que for que não tem fim... nada será maior ou menor o suficiente para acabar em qualquer limite possível, assim, também é infinito para dentro de nós... então, carregamos o infinito mundo na barriga por onde vamos, além de estarmos mergulhados neste...
22 de dez. de 2016
9 de dez. de 2016
não há país nenhum (poema)
não há ano nenhum
não há país nenhum
só as cidades por aí
e somente os dias
o dia que ela nasceu
a cidade onde andei
o dia em que eu te vi
não há país é mentira
somente cidades e cidades
não há ano nenhum ao certo
só um dia pra viver
um dia onde hoje acordei
7 de dez. de 2016
o verdadeiro artista (prosa poética)
O mítico trabalho do verdadeiro artista consiste numa impossível missão que o obriga a realizar duas jornadas simultâneas e ambas, como ele já sabe, sem nenhuma esperança de regresso. Enquanto que se arrisca num assombroso mergulho letal para a alma rústica, ousa uma árdua e fatal escalada ao espírito do mundo. Deverá sacrificar desta maneira a sua mediocridade nesse ritual bestial que dura toda uma vida. Dominando os incontáveis demônios da ilusão e do medo, a sua única obra será entregar voluntariamente ao fim de tudo, diante de um altar em que o espera um deus brutal, a sua personalidade então irreconhecível e totalmente despedaçada.
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5 de set. de 2016
merda eternizada... (miniconto)
Era uma vez, num reino fedorento e distante onde desembestava a loucura e a pornografia... um grande torneio. Toda a ralé, desde o bagaço ao xulé, estava sempre a debater ferozmente, cada puto agarrado num grupelho e debruçados bêbados sobre alguns montinhos de migalhas cheias de mofo que chamavam de... conquistas. Enlouquecidos para tentar nomear alguns trambiqueiros já alquebrados pela perdida pobre alma franqueada ao inferno, sempre se gabando de meia dúzia de feitos requenguelas, entre a lama, pinguelas e trapiches. Tais esbaforidos adeptos, enrolados nalgumas de suas bandeiras sujas, embosteadas, passavam os dias se envenenando na própria idiotice. Alucinados, andavam sem rumo com a bunda imunda pelas ruas e praças, e não percebiam que a única coisa que aqueles pobres coitados canalhas tinham realmente a oferecer, mesmo já desentendidos por tantos pactos, entrevados de juras malditas, de um monte de macaquices que faziam na frente de todos pagando o pau, era a quantidade de adesão ao sacrifício, mítico e sangrento, entre os do povaréu que conseguiriam acumular com seus atos de pastelão obsceno, mas, nem esse trunfo... e esse era o grande engodo da velha pantomima da putana que pariu... nunca foi e nunca seria para aquela turba fiel que ofereceriam... e sim, ao mesmo velho demônio, cuzudo e comodista, verdadeiro dono da riqueza daquele mundão também tão velho desde sempre. Endoidados, não queriam nem saber, pois aquelas lutas, pelejadas pesquisas punhetadas e as datas datas datas da porra louca... eram o único e máximo delírio daquela massa abrutalhada... pelos urros de gritaria ensandecida e pela assombrosa estupidez na sua porca merda eternizada...
31 de ago. de 2016
andarilho de coração (poema)
Aviso que de hoje
Desde hoje em frente
Penetro e adentro e avante
Me esquecerei pra sempre
Na clandestinidade do poema
Nada verão de mim
Que não seja algo o alheio
Adeus e amparo e desdém
Das lembranças suas
Pouco posso garantir
Política de passarinhos
Argumentações de labirinto
Lesmas e formigas e abelhas
Anarquia da areia e nuvens
Andarilhos de corações
22 de ago. de 2016
Sua Purulência (poema)
Óh corja imunda!
Da sua cretinice...
Súcia fedorenta!
Da sua burrice...
Sua purulência!
Das suas gracinhas e promessas de merda...
Óh desgraçados!
Dos seus planos endrominados do caralho...
Óh desgraçados!
Ficarei com o vencido do vencido da data passada...
Óh desgraçados!
Acreditarei que vai chegar da porcaria que negam...
Ave filhosdaputas!
Terei do pior ainda pior do pior e piorado...
Ave filhosdaputas!
Escolherei dentre tudo que é podre...
Ave filhosdaputas!
Ouvirei que não tem e não tem nem vai ter...
Salve morféticos!
Engolirei mais um de mas ainda não tente outra hora...
Salve morféticos!
Esperarei mais e mais um tanto de canto em canto....
Salve morféticos!
Pagarei mais de uma vez e outra vez e novamente...
Sua purulência!
Súcia fedorenta!
Óh corja imunda!
18 de ago. de 2016
peçonhento (poema)
um grande animal peçonhento
morto ali jazia a feder
gritavam seu nome estranho
era... Poder! Poder! Poder!
ninguém mais o teria por inteiro
seria impossível para
carregar agora seu peso torto
pegavam nacos arrancados
nas dentadas raivosas entre orações
ungidas na tortura e na degola
ungidas no sangue e na rezadeira
no país do antipoema putrefato
na ilha da loucura e da putaria
a turba babando rosnava
habemus banana! habemus banana!
4 de ago. de 2016
desprezo canalha da corrupção... (poema)
se era preocupante a corrupção parasita das sobras que distribui a desatenção ingênua da dignidade... terrível será a dignidade sobreviver dos restos que desperdiça o desprezo canalha da corrupção...
28 de jul. de 2016
mendigo santo.... (miniconto)
Sinal de nossos tempos inéditos, o peregrino incrédulo chegou onde tanto procurou, desiludido pelo mundo, onde se escondia o sábio depressivo... que desistiu de tudo. Este agora um mendigo e só não era mais mendigo porque sóbrio, não por vocação senão desgosto, era assim um homem santo... coisa que o próprio odiava. O peregrino então, entre uma bufada de saco cheio e outra, perguntou ao oráculo desvalido de qualquer nobreza secular: "Mestre ó mestre!"... "Quem?"... satirizou sem nenhum humor o mendigo santo nada estimulado. Continuou arrastando a voz o andarilho desalinhado: "Como resolver essa crise de hoje?". O molambo sacro ataca: "Crianças... convoque um conselho de crianças que nunca estiveram na escola... elas e somente elas o dirão!". Já sem nenhuma tolerância se joga na completa desorientação o maltrapilho peregrinante e grita: "Mas ó mestre do caralho! Se entregarmos isso nas mãos de crianças... o que elas poderão criar de problemas seria impensável! inconsequentes que são! tolice sua pobre mendigo idiota!"... O mendigo sábio engasgado, desterrado e enojado dos seres humanos responde com um mau gosto terrível: "Ah... sim... talvez joguem bombas atômicas? queimem pessoas? metralhem velhinhas? derrubem aviões? ou mesmo obriguem a outras crianças a serem assassinos impiedosos de si mesmas?"
25 de jul. de 2016
Canto noturno aos heróis... (poema)
Nunca serão nada além de alguns acidentes de acasos
Morremos muito mais pelas nossas próprias aventuras
Do que por essas suas baratas amarradas em bombas
Nesta sua triste decadência de vermes insanos e cegos
Diante da sua miséria e loucura inventamos a liberdade
Criamos um novo mundo de sua grotesca história obscura
Fundamos um indivíduo, com um destino e uma escolha
Já vencemos em nós esse ódio puro que é sua verdade
Ainda assim iremos satirizar, gargalhar, blasfemar e cantar
Rezar e esquecer Deus ou escrever o nome Dele nos muros
Faremos sempre aquilo que o nosso coração livre mandar
E desde quando os seus suicidas se explodem sem glória
Vemos sem medo um sinal de sua derrota neste seu terror
Apenas desespero final por saber que já é nossa a vitória
18 de jul. de 2016
sextas utópicas.... (crônica)
da série "sextas utópicas": porém... o melhor mesmo é ser tratado, e tratar os outros, como uma pessoa... antes de tudo as pessoas... esta é a única exigência que pode mudar, equilibrar ou controlar desde um desrespeito mútuo, passando por um simples preconceito individual ou segregação entre comunidades inteiras, até uma opressão social... e isso poderia bastar... e não exigir ser reconhecido por uma identidade qualquer; porque as identidades dividem, separam e provocam conflito, como é bem óbvio, já na sua própria gênese... seja as negando ou as afirmando, pois, toda identificação é fascista (o fascismo psicológico incorporado e cotidiano em cada um que Gilles Deleuze revela e não aquele fascismo histórico datado)... assim como são deste mesmo modo fascistas sem saber os que necessitam desta identidade a defendendo como um direito antes de defender o único direito que importa que é o de ser uma pessoa que aceita o único dever essencial que é permitir que os outros o sejam; é só isso que também permite que qualquer diferença exista... e nunca tentar proteger certas qualidades produzindo mais antagonismo entre estas; como escrevia Walt Whitman: "façam grandes pessoas... o resto vem depois..."
5 de jul. de 2016
acostumado ao sacrifício (poema)
Se essa hora fosse que deveste morrer
Saberias que sempre te encontraria
Em qualquer brisa ou redemoinho de vento
Que me desse essa sensação abandonada
Que nosso encontro em vida tinha
Amar é muito ligado ao saber-se morto, distante
O amor é o que sentimos desde que começamos a nos separar
O amor foi criado nesse movimento
Quando nos reencontramos, sentimos o que chamamos amar
Mas amar é o descanso de nossa eterna dor de nos separarmos
O amor é repouso, o amor é silêncio, o amor é espanto
Depois de tantas lembranças esquecidas
Se esta hora é a que devo morrer
Entrego-me, pois te amo
Estou pronto para sofrer tua distância, tua lonjura
Vais me encontrar agora no canto dos olhos molhados
Nos instantes iluminados por um sol que cega, seco
Entre teus sonhos esvaecidos
Naqueles lugares que só podes imaginar
Em teu coração tão acostumado ao sacrifício
No sentimento daquilo que de melhor eu pude fazer por ti
Saberias que sempre te encontraria
Em qualquer brisa ou redemoinho de vento
Que me desse essa sensação abandonada
Que nosso encontro em vida tinha
Amar é muito ligado ao saber-se morto, distante
O amor é o que sentimos desde que começamos a nos separar
O amor foi criado nesse movimento
Quando nos reencontramos, sentimos o que chamamos amar
Mas amar é o descanso de nossa eterna dor de nos separarmos
O amor é repouso, o amor é silêncio, o amor é espanto
Depois de tantas lembranças esquecidas
Se esta hora é a que devo morrer
Entrego-me, pois te amo
Estou pronto para sofrer tua distância, tua lonjura
Vais me encontrar agora no canto dos olhos molhados
Nos instantes iluminados por um sol que cega, seco
Entre teus sonhos esvaecidos
Naqueles lugares que só podes imaginar
Em teu coração tão acostumado ao sacrifício
No sentimento daquilo que de melhor eu pude fazer por ti
22 de jun. de 2016
hamlet brazica... (prosa poética)
Hamlet brasileiro...
seria somente eu a ser que é sendo ali porque eu sou o primeiro e quando os outros começaram a ser eu queria que todos fossem mas que somente eu fosse e serei aquele que é e se você sabe que ser é ser como eu sou e se você for assim também eu quero ainda ser de outro jeito de ser desde que todos sejam um monte de seres que são para que eu seja o único que é e será sempre o melhor ser sendo sempre aquele que sabe o que não deve ser sendo aquilo que você não foi e não pode nem tentar ser porque ser como eu sou é ser igual nem que seja outro que era e será como eu não tento ser e seja lá o que você for perto de mim não é ser como seria eu se fosse você do meu tipo de ser e todos sendo aquilo que dizem que são e que eu sou e sempre fui o único ser que pode ser o que ninguém ainda conseguiu ser e eu cheguei primeiro na hora de ser e o seu sendo que logo foi outro estado de ser que não merece ser o que eu já era antes de você decidir ser o que eu preciso seria em seguida o seu ser imaginário que você seja em seguida do que seguiu fosse tudo menos deixar de ser aquilo que me faz ser diferente dentro dos que são iguais e eu sou igual também mas tenho ciúme de que mais e mais sejam o ser que somente eu queria ser pra sempre sendo que ser e não ser ao mesmo tempo é a única questão e eis que já foi alguém que nessa questão não merecia ser outra vez mas se eu fosse sozinho eu não seria aquilo que eu quero ser sem ninguém mais sendo como eu sou e não quero que nada será questão nenhuma que não seja eu não sendo e sendo o que eu nunca fui ou seria se não fosse o que eu sou ou talvez quisesse ser...
20 de jun. de 2016
alucinações (poema)
alucinações: escutara toda aquela barulheira de dentro dum silêncio esquecido... não que fora triste, apenas sonhara em levar a felicidade para passear mais longe... chamaram de idade aquilo que a criança ainda olha a passar de tempos em tempos...
31 de mai. de 2016
clouds & poems (digital photomontages)
"Paris" (April 2016)
Nuvens são os poemas que a água escreve...
Minha vida poética certamente começa quando eu ainda era uma criança e observava as nuvens deitado no chão. Por horas eu as contemplava em sua maravilhosa qualidade. As nuvens sempre me impressionavam imensamente. Nas manhãs eu corria logo cedo ao levantar para ver como estavam no novo dia. Será que estavam carregadas e pesadas, se estavam leves bem alto no céu? Negras e amedrontadoras? Suaves e bem-aventuradas? As formas que as nuvens criavam sempre provocaram a minha imaginação. Sua magnitude. Flutuando. Água flutuante. Gigantes. Suas incontáveis possibilidades de formas. Sua ilimitada capacidade de revelar a luz e de expressar as sombras. Imaginava-as como seres imensos viajando pelo céu do mundo. Numa aventura mitológica. As tempestades. Os raios. Os trovões. Os dias calmos e magníficos com lindas nuvens passando no silêncio da tarde. Aterrorizando-nos nas noites de tempestade. Sonho que as nuvens carregam a imaginação humana. Desenhando e escrevendo em suas formas e volume. Sobre tudo. Numa uma dimensão inusitada. Mitológica dimensão. Espanto e dádiva sublime. As nuvens declamam todos os dias maravilhosos poemas épicos da água. Contam sobre a natureza da vida.... Implacáveis. Delicadas. Poderosas. Dramáticas. Redentoras. Proféticas. Destino destruidor. Graça salvadora. A eterna e divina providência da água.
(Estes são trabalhos de fotomontagem digital a partir de fotografias de nuvens em seus vários estados que eu mesmo faço. As imagens são reprocessadas em um software simples. Sem mudanças exageradas, sem que nenhum alongamento ou distorção. Apenas são intensificadas ou mitigadas algumas cores assim como as relações entre o claro e o escuro. A intenção final é produzir grandes painéis a partir destas foto montagens).
Clouds are the poems that water writes…
My poetic life certainly begins when I was a child and used to watch the clouds when I was lying on the ground. Looking its wonderful and mysterious quality. The clouds always impressed me immensely. Early in the morning I used to run to see how they were getting up to the new day. Were they loaded and heavy? Were they light high into the sky? Black and fearful? Soft and blissful? The shapes that clouds make always provoked my imagination. Its magnitude. Floating. Floating water. Giants. Countless possibilities of forms. Limitless ability to reveal the light and shadows, to express a sacred world. Silently. Imagined them as huge beings traveling through the sky land. A mythological adventure. Storms. The rays. Thunders. Peaceful and stunning days with beautiful clouds passing through the shiny afternoon. Terrorizing us in the stormy nights. I wonder that the clouds carry the human imagination. Drawing and writing in its forms and volume. About everything. With an unusual dimension. Mythological dimension. Amazement and sublime gift. The clouds declaim all wonderful days epic poems of water. Telling about the nature of life... Relentless. Delicate. Powerful. Dramatic. Redemptive. Prophetic. Destructive fate. Saving grace. The eternal and divine mercy of water.
(These are digital photomontage works from photographs of clouds in its various states which I do by myself. The images are reprocessed in a single software. Without several changes, without either stretching or distorting. Only are intensified or mitigated some colors and the relationship between light and dark as well. The ultimate intention is to produce large panels from these photomontages).
(These are digital photomontage works from photographs of clouds in its various states which I do by myself. The images are reprocessed in a single software. Without several changes, without either stretching or distorting. Only are intensified or mitigated some colors and the relationship between light and dark as well. The ultimate intention is to produce large panels from these photomontages).
18 de mai. de 2016
manifesto do exílio (prosa poética)
manifesto do exílio derradeiro, entrada na clandestinidade do porraloquismo e expatriamento das almas...
para o seu pior virá é que, entre um governo raquítico imbecil que antes entregou o poder de bandeja num jogo de bate bafinho de figurinhas... sem resistência nenhuma (acorda besta! não tem resistência nenhuma ali caraleo!)... e um governo da nova era da cagaioça geral... que então usará para estar usando o poder para estar limpando as suas bundas imundas... uns nas bocas dos outros e todos outros na boca dum... só porque gostam de bosta e só sabem vender merda e só porque só descobriram como viver de vender merda (só gostam de merda cacete! vampiros chupa merda!)... em verdade, para o seu pior! e tem esse povo fudido que vai se fuder, povo lixo, carnavalesco dum carnaval carnavalzado de camisetas e de bandeirolas e de cornetas de plástico só até dar fome, sede ou sono... e virá uma nuvem roxa e cinza e carregada de total e completa destruição de uma sociedade, que nunca foi ou será nada além de uma punheta infame, e que nunca nem sequer por ventura havia nem supostamente existido ainda no horizonte... o negando, não negando-o... não existirá mais... será metalinguístico na própria miséria! miserento na própria miséria! vão se fuder!
12 de mai. de 2016
o macunaíma do semáforo (poema)
hoje que corres entre teus macunaímas zumbis
pelos braseiros, dos paus, cruzes santas, brasis
em teu triste berço o tênue desmaiado, dopado
perdes ainda a tua própria qualidade de Estado
ganhas assim a parca dignidade de um semáforo
por país então chamado somente pelo desaforo
não carregarás mais palcos, palanques ou altar
serás conhecido e difamado apenas por... lugar
1 de mai. de 2016
o wren e o bem-te-vi ( poema)
um wren
seu mar
entre esses
navega e sente
dois continentes
sonha e voa
estes dentre
seu céu
um bem-te-vi
25 de abr. de 2016
nel cuore non c'è niente (poesia)
nel cuore niente comincia
tutto è già sempre stato lì
se soltanto si vive senza accorgersi
è perché la vita è insopportabile
e se la vita viene dal mare
e un'altra volta siamo qua
come le onde
aspettando il tuo ritorno
o se vengo io a rivederti
cosa siamo nel mondo?
il nostro cuore è una città?
dove sei carina? amore...
da quando eri una bambina
questo è il mio cuore...
e se ripeto: cuore... cuore... cuore...
è perché è esattamente come esso
che fanno i miei sentimenti
pulsano per non morire
perché il cuore non sa mai se muore
se sempre ogni giorno mantengo
come nel cuore di queste incredibile città
dove alcuni arrivano oggi
magari la lasciano domani
che sono tanto diversi
nei colori, nelle parole, nell'anima di ognuno
appena i colombi sono sempre uguali
come il sangue
tutto è diverso tra
ma i colombi e il sangue sono lo stesso
e il sole che ci scalda quando siamo soli
nelle piazze, piazzette, nel nostro proprio cuore
a perdersi per essere qualcuno alla fine
sempre con la speranza di fare il meglio
e lo abbiamo fatto e lo faremo
o ridendo un poco
con una piccola lacrima negli occhi
perché la felicità è, lo sai...
solamente raggiungere a sopportare tutte le nostre tristezze
e allora, oggigiorno, continuo vivendo appena perché...
sognando trovarti un'altra volta
vita mia... mio sangue... mia città...
è perché vado così
mantenendo la mancanza di te
8 de mar. de 2016
piolhos (miniconto)
uma certa vez não deu mais, tosaram-lhe os cabelos, no zero; aquilo estava um coisa incrível, tantos piolhos, mas tantos; percebera ainda jovenzinho como observar os fenômenos mais insignificantes como explicação para suas dúvidas, e não lhe interessava se ou quem dissesse que aquilo fosse bobagem; num olhar esquivo, por exemplo, estudava os movimentos de um caráter interesseiro... num sorriso arreganhado, vinha-lhe toda noção da amplitude da hipocrisia... ao ouvir uma comparação cretina, notava a inveja ou o medo da covardia, da insignificância, das justificativas preventivas do fracasso; e entendeu muita coisa quando viu o comportamento daqueles seus piolhos; a cada camada de cabelos que a máquina alinhava rente ao máximo, os piolhinhos corriam desesperados ao próximo tufo ainda intacto... era só o que lhes restava...
8 de fev. de 2016
exílio inverso (poema)
era num exílio inverso de nunca ter uma herança
nem prisão ou proibição ou algo que não à deriva
e só saber dum lugar seria dum crime uma prova
paisagem ou música ou alguém ou lembrança
às vezes nada para ficar ou apenas continuar
olhando para as ruas de um cais quase vazias
sonho perdido no vento e nas madrugadas frias
sem saber o que deve levar ou o que pode deixar
álibi que navega e noutro devaneio e noutra vida
que busca neste silêncio esquecido sua quimera
alcançar o porto donde saindo por doída partida
rasgar a antiga saudade e rumar sem bandeira
o que era nunca foi e espera o que é lá encontrar
recruzar nesse mar e noutra vez ter a alma inteira
1 de fev. de 2016
peido lento (flash fiction)
na terra dos vermes mutantes esquizofrênicos as punhetas e as siriricas eram coletivas e em público; apenas aquele homem, já esgotado em seu total silêncio espectral, a cada nova novidade na cagaioça, só balançava a cabeça assim de baixo pra cima e de cima pra baixo beeeeemm devagar; e subia como um zumbi o braço com o dedo um tanto trêmulo apontando enquanto virava o olhar abrindo e fechando as pálpebras beeeeem lentamente pras pessoas ao lado e, com os cantos da boca curvados pra baixo, esboçava um grunhido emudecido; acabada a notícia, o lero-lero ou o arranca-rabo, voltava à posição catatônica prostrada de sempre e, mantendo um pouco de baba escorrendo, soltava um peido lento num timbre delicado... reiterando assim, mais uma vez, todas as suas opiniões...
21 de jan. de 2016
melhores detalhes (aforismo)
quando os melhores detalhes se despreza... as piores surpresas se provoca...
alucinações (poema)
alucinações: o sono é um déspota tirano impiedoso... um sonho realizado não é nada comparado a uma realidade dos sonhos... com linhas tão absurdamente tortas a expectativa pelas próximas escritas certas estará altíssima...
20 de jan. de 2016
falácia pela quantificação (aforismo)
perde-se esquivo numa falácia pela quantificação da suposta similaridade entre os objetos, enquanto a veracidade se encontraria nítida na justa diversidade pela qualificação dos sujeitos...
equívoco da inteligência (crônica)
o principal equívoco da inteligência, vulgo ignorância, é o de tornar um efeito uma entidade total e invocá-la constantemente acreditando que as suas causas se farão por consequência; por exemplo: a Educação, a Literatura, a Cultura, a Saúde, a Paz; sendo que o fato consumado é exata e realmente nato (talvez por isso o antigo alerta de não se pronunciar o Seu nome em vão) pelo caminho radicalmente inverso....
8 de jan. de 2016
olhar selvagem (poema)
podem ser esquecidas
dos cachorros com coragem
que andam sozinhos pela vida
dos gatos que pulam da escuridão
e caçam a própria comida
das jararacas e das onças
e andorinhas que voam só de ida
samambaias, daninhas, cactus e um gavião
entre as pedras flores de campo com pólen
pedras pontiagudas entre as margens floridas
tristezas, sorrisos, saudades e um coração
daqueles dias e da solidão da paisagem
ermitão dessas lembranças rupestres
na velha ventania ondulando as margaridas
em nada do que seja de estimação
nada além daquele olhar de silêncio selvagem
alucinações (poema)
alucinações: idiotas só têm inimigos ou cúmplices... os primeiros serão sempre os únicos... a ilusão é a que nunca morre...
1 de jan. de 2016
sobre caminhos/on paths (universo - poem)
sobre caminhos só há dois sentidos... o manter ou o reencontrar...
on paths there are only two ways ... to keep or to rediscover ...
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