26 de fev. de 2025

O Picadeiro de Extermínio (crônica)




O Picadeiro de Extermínio


Muita gente se engana com a máxima da propaganda atribuída ao nazismo, aquela de repetir uma mentira muitas vezes até que se torne verdade. Porém, o nazismo nunca mentiu. Ao contrário, o que a máxima parece querer ensinar é que uma verdade deve ser abusada tantas vezes quanto for necessário. É bem diferente. A sua dominação é pelo abuso e não pelo engano. O abusador manipula dúvidas honestas e não cultiva certezas mentirosas. O abusador não mente, ele desmente. E deste movimento purgou o seu mais novo exemplo no vídeo em IA que fala sobre a transformação de Gaza numa riviera cafona e promíscua onde os cadáveres das crianças palestinas talvez ainda estarão soterrados. E a coisa mais assustadora dessa nova mídia é como a morbidez das imagens que inventa, essa sua fantasmagórica substância sem alma, potencializa semioticamente uma nova relação orgânica entre essa psicologia patológica do novo absolutismo, que mais uma vez se apropria e abusa do verdadeiro, assim como de muitos ingênuos amantes do verdadeiro que cooptou, com um também inédito hiperpositivismo político extremo. É tão assustador e veloz em sua ininterrupta produção de contradições absurdas, propositalmente como uma tática política ainda não compreendida, produzindo a maior quantidade de interfaces de significações possível, até que se torne impossível refletir em tempo real sobre sua gênese, porque o real assim como o verdadeiro foram aprisionados, são agora reféns neste seu movimento estratégico, sob esse fenômeno monstruoso. Este novo fascismo não mais se exibe na encenação da sobriedade brutal, da afirmação do ódio e da frieza assassina, mas agora, vestido numa fantasia de palhaço, não deixa mais rastro nem provas, porque só está brincando, apenas vociferando numa cacofonia incessante de um humor sarcástico que nunca mente, mas que desmente tudo o que faz ou não faz o tempo todo.



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