o último desejo do poema moribundo
que de anunciação seria agora epitáfio
foi ser compreendido em seu instante
intacto na anatomia dos seus versos
e que fosse inútil dissecar as rimas
sendo a causa de um outro efeito
que estivesse de um mote, apenas isso,
como um velho rio é para seu leito
como o céu turqueza é para as nuvens
como a pedra na costa é para o mar
que o leitor solitário ficasse ali quieto
diante daquilo que viu na estrofe pura
pois, que na sua esperança derradeira
que de cada vez que lido se desvendasse
que da sua poesia nada nunca se explica
que fosse ele próprio a explicação de tudo