Camus escreveu, em seu devaneio de um pós-guerra do bem triunfante (ou não), que numa comunidade de vítimas condenadas, como mais um dos fenômenos do absurdo, inclui-se também os seus próprios verdugos; o curioso porém, e apontava o filósofo, é que somente o carrasco nunca saberia claramente sobre essa mórbida qualidade mútua. Olhando bem atentamente para estes nossos dias, nesse pós-tudo de um grande mal finalmente apocalíptico, nem o algoz e nem o sacrificado conseguem mais saber de coisa nenhuma, numa ciranda de uma loucura surreal, e nem de nada mais; deliciam-se na mesma fascinação pelo seu destino de besta anômica... e que se fodam (agora sim), simultaneamente e em tempo real conectados...