28 de fev. de 2023

Na fossa mítica (poema)




Na fossa mítica da estatística


Como uma fruta esquecida 

Que apodreceria sobre a mesa

Se a inteligência não é natural

Se não é ela mesma cultivada

Nega toda uma vida na alma


Se o seu amor desidratado

Não alimenta e não fomenta

Se não vislumbrar o horizonte

Definha no medo e na ilusão


Desabrocharia na compreensão  

Mas não vai além do desprezo 

O alento profundo da compaixão 

Não enraíza sobre um simulacro


Qual revolução poderá fazer

Alguém que em si mesmo se esconde 

Que transformações verdadeiras 

Sem que a humildade cristalize luminosa 

Antes que a mente entre na demência total


Que artificialidade então seria possível

Se nesta senda deste seu buraco fétido

Retorna esta velha insensatez fascinada

Novamente se ilude na parede de pedra

Deste movimento de irrealidade sem vida

Que desprezaria todos os avisos ancestrais

Dos messias que regressaram a gritar

O real! Veja! A verdade não se arremeda!

Para num último sopro evocar salvação

Desta enganação narcísica danada

Que essa cacotopia diz ser o futuro

Maldade que desatava enfim do espírito