Mesmo quando nada está presente
Alguma coisa real e completamente absurda
Alguém me vem dizer como continuar
Assim continuo andando sem rumo
Mantenho o ritmo dos passos sem pensar
Contribuo de uma forma para um único fim
Onde sons e assombrosas presenças nos assustam
É um movimento náufrago e obeso
Sonoro e insípido como muitos dias nublados
Estamos todos aqui sem nenhum nome real
Mas pelo menos nos reconhecemos amigos fiéis
Muitos desses ditados nos confundem
Muitas destas horas acabam por matar-nos
Nunca existiu piedade para os desertores
Mas todos eles tinham algo a dizer
Um segredo perigoso e inacreditável
Amores insuperáveis perante grandes júris
Os quais sempre se negam admitir
Estas falhas assim nos furtam do silêncio
Deixaram as simples obras sem glória
Como nos tempos das terríveis batalhas
Nos campos de honrosas medalhas
Hoje então não deixaremos de pensar
Nestes corpos solitários e abandonados
Lembraremos de todos que aqui estiveram
Faremos seus túmulos com nossos próprios corpos
Quando o momento da verdade estiver exigindo
Quando numa sublime hora nossa alma deixar
Quando nosso sangue neste instante fluir sem medo
Então estaremos entregues ao absoluto momento
Qual um pássaro inocente e viajante nos abertos espaços
Nos infinitos sonhos de um deus sem pretensão de vitórias