9 de mar. de 2015

Jazz... Hard... Bop... (micro conto)



Lembrava vagamente da foto preto e branco de um homem de terno escuro típico e de óculos, comuns nos 60, na capa... ou contracapa? um quinteto? sexteto? E lembrava muito levemente do riff. Jazz. Hard. Bop. Na verdade, somente lembrava mesmo é da sensação que ficara. Nenhum nome, nem da música nem de nenhum músico. Quem eram mesmo? O velho disco de vinil estava perdido, quem sabe onde. E aquele fraseado Blues... atávico... quase esquecido, repetindo desconhecido... um encadeamento ritual... como o queria encontrar na memória. Era uma entrada forte, com um naipe rústico, um ataque selvagem. Um amarrado de intervalos que vibravam como uivos e cantos em uma harmonia vital. Depois de repetir como um mantra essa sequência, com um andamento forjado de ferro bruto na bateria, e uma coluna de pedra oca naquele contrabaixo, entravam duas ou três sessões de improviso no pau... talvez o sax, o piano e... o trompete... somente o puro, o essencial. Acabado os depoimentos, ou melhor, testemunhos, voltavam no riff com uma força inusitada, mesma clave, mesmo tom, mesmo modo, porém, mais gritado e num timbre rasgado...pra acabar de vez. Lembrou que ali o ar até parava. Não lembrava. Apenas cacos de imagens e fragmentos de algumas notas. Puxa vida! Quem eram? Qual era?


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