é a errante saudade
e desta não há exílio
nem haverá anistia
donde nunca se refugia
nem se pode renegar
carregado de riqueza
não se parte nem se prende
não espera ou se despede
nem retorna ou a censuram
nada passa e avança e continua
e a única lembrança nômade
tal passaporte e aduana
contrabando e sentimentos
esperança dos olhares fixos
no horizonte e céu e território
do vento que atravessa e corre
da campina do cerrado e mar
deste coração pendido e trêmulo
na esquecida balada daquele hino
surdo descompasso de um bumbo
do silêncio rasgando tal bandeira
deitado em solo morno decompõe
já não almeja nenhuma liberdade
que revolução finda da memória
ancorada na madrugada e no poente
tudo será história neste antigo poema
enfim dum corpo e duma ausência
serão agora ambos da mesma substância