16 de fev. de 2015

o silêncio é denso/the silence is dense (poem)



o silêncio é denso

o barulho um solvente

andar nele é forçoso

não suspende se mentem

os medrosos das lembranças

viciaram nesta substância

fugindo da saudade



o feminino obriga a poesia

pra nela somente pensar

quando de perto passear

só se escreve o que é dela


algumas cidades são poemas

outras apenas um áspero dilema

na distância viviam apaixonados

e do que era raiva longe evapora


os novos amam as mulheres

os velhos as cidades e a fé

quando ela é cheia de correria

corta a intuição dos versos lentos

se é andando que está seu ritmo

em cada palmo das suas curvas

floreada toda a vida das rimas

se pode apertar entre desejos

se pode até cansar os pés


a força do poeta é o mote

mas há quem não se toque

andando de passadas na noite

floreiras, ruelas e segredos

é sonhada que seria delicada

talvez um dia se encontrem sim

o velho que quase foi seu trovador

e a mulher que era uma linda cidade

a cidade que ama, beija e abraça

a poesia... velha e cansada


onde nada... o nada... onde nada...

de caminhadas e o seu amor

se esqueceu da estrada no fim

chegou... e lá estava a sua amada








the silence is dense

the noise a solvent

walk in it is forcible

do not suspend if lie

the fearful of the memorable

addicted on this substance

running from the missed


the female requires poetry

only to think of it

when closely stroll

only writes down what is hers


some cities are poems

others only a rough dilemma

in the distance they lived passionate

and it was anger that away evaporates


youngs love women

old people the towns and faith

when she is full of rush

cuts the intuition of verses wait

if that is your walking rhythm

in every inch of her curves

flowery all life of rhymes

could squeeze between desires

one could even your feet tired


the poet's strength is the motto

but others do not cop onto

walking past at night

planters, narrow streets and secrets

is dreamed it would be delicate

maybe one of these days find themselves yes

the old man who was almost his minstrel

and the woman that was a beautiful city

the city that loves, kisses and hugs

the poetry ... old and weary


where nothing ... nothing ... where nothing ...

walking and your love

has forgotten the road at the end

arrived ... and there was his beloved