22 de ago. de 2014

Pó de Tempestade (poema)








Pó de Tempestade

no início era o Verbo
o Verbo era o Caos
como diziam, o Paraíso

no dia daquela última noite
que ninguém soube quando
Ele expulsou também os poetas
e assim separou o Caos do Verbo 

feitos dos elementos da natureza
uns trovões de furacão
outros nascentes escondidas nas florestas
alguns apenas rastro de lesmas
outros estrondosa foz de cachoeira
noutros nada mais que gota de orvalho
ou então luz de nuvens carregadas
e vão como rios desembestados
alguém mais que é pouca pedra seca
ondas gigantes ou um só cristal de neve
ou cinza, poeira, vapor ou névoa

no início era o Caos
o Caos era o Verbo
e ali Ele disse

Cada Palavra Será Explicação Em Si Que Carrega!

jogou-os de tal modo por todos os cantos
e lhes disse mais ainda no mesmo instante

De Uns Fiz Grandes E De Outros Segredos
Muitos Serão Conhecidos Por Todos
E Tantos Nunca Serão Ouvidos!

condenados então foram sem mais avisos
a amar o que faziam e não o que poderiam fazer
portadores de uma alma eterna sem nada saber
por único destino manter a abnegada amizade
entre a Água, a Terra, o Fogo e o Ar

num último berro Ele estarreceu a todos

Um Só Será Pelo Outro
Nunca Morrerão Meus Poetas!
Senão Cada Um Por Autodestruição
No Vício Solitário Ou Na Guerra Entre Milhões
Se Sucumbirem À Cobiça, À Inveja, Ganância ou Ambição...
De Ser Um Outro Que Não Aquele Que São Naquele Que É!