17 de abr. de 2014

babacões... (conto)






O juiz era um xarope, viu seus sorrisinhos, diante dos pedidos derradeiros dos outros, um escroto. O tal andava sem peso na consciência de recesso, antes de todos, já na segunda feira, afinal, ele certamente pensava que é quem merece mais. Do outro lado viu o diretor do hospital, diretor! Talvez se diga melhor, um cretino, pois, simplesmente não conseguira fazer um procedimento mínimo, acostumado apenas a contabilizar os lucros, não vira ao menos a última gota d’água que, deixada no ouvido do zé arruela, o paciente, lhe fuderia o feriado. Que perigo as crianças passariam quando precisassem daquele calhorda. Uma vez perguntaram... “Por que fazia tantas tatuagens pelo corpo?” Mas, antes da resposta, valia a pena explicar que naquele tempo que as pregava na pele, as tatuagens ainda não eram mercadoria, eram... mal vistas... coisa de quem ‘não era ninguém’. Os tatuadores muitas vezes se recusavam a fazer se não sentiam muita firmeza no fulano ali na sua frente. Mr Tattoo tinha sua clássica pergunta: “Qué fazer uma tatuaja?”... Muitos desistiam bem ali e voltavam com a cabeça baixa. Bem, a resposta... disse que era... “Um ritual de autoimpedimento”. “Como assim?”, lhe estranharam... “Autoimpedimento de ser como eles”... (talvez desse juiz certinho e babacão e desse diretor de hospital bebum e bundão em véspera de feriadão)... “Assim”... sempre achou... “Está garantido, nunca, nem que eu queira, serei como eles... apenas não quero ser como eles”.