O poeta é nada além dum pobre coitado
Que deuses decidiram por despedaçar
E tem um pedaço jogado em cada lugar
Desde o coração e a alma esquartejado
É andarilho de lembrança em lembrança
De tantos destinos sem dó arrebatados
Sonho, maldição e penitência misturados
Exílio onipresente que nunca se alcança
De todas as guerras lhe exigem os cantos
De toda saudade que acalme seus prantos
Das cidades sempre a dançar apaixonado
Das odes e visões que ninguém acreditará
Do que passa planta para nascer o que virá
Só, num pacto de vida e morte aprisionado