5 de abr. de 2022
acostamento (poema)
às vezes, na beira da pista,
no acostamento...
teu silêncio outros poucos segundos impera.
isso não é nada do que imaginamos.
já não conseguimos mais viver sem o que imaginamos.
ontem, na margem do sonho,
no devaneio...
tua desgraça me lembrou um poema.
bruto.
e duma solidão imensa, sem vozes, o som do teu coração me calou.
outra vez.
agora, na ribanceira, a poeira se cruza com a dor da luz do sol.
seca. sofrida. surda.
vocês têm lá suas desculpas, mas ele não existe.
nada existe.
mudo. profundo.
os passarinhos sumiram? não se pode escutá-los cantando.
os bem-te-vis?
qualquer outro?
e isso não é nada.
simplesmente nada.
os heróis que morrem são somente mais outras vítimas.
o tempo... é quem sobrevive.
e a grama ainda falta preencher aquelas falhas...