4 de jan. de 2015

bondade da maldade (crônica)




Aquilo que diferencia a bondade da maldade não é, realmente, o querer bem a alguém, pois, desde entre as simples amizades do dia a dia até mesmo entre os genocidas de milhões de pessoas são cultivadas tanto as raivas mais profundas quanto os maiores afetos possíveis, seja pelos seus companheiros de ideias, amigos de jornada, pais, filhos ou vizinhos do mesmo território. Um assassino cruel pode ser ao mesmo tempo, e muitas vezes foi, um grande amigo atencioso. Desejar simplesmente o bem a alguém, também às vezes, pode ser esperar e contribuir para que se mantenha uma situação de extrema injustiça que o beneficia em detrimento de outros. A diferença entre o bem e o mal seria... aquilo que poderia definí-la precariamente... ou que fizesse... seria talvez a verdade, assim deste modo, seria o esforço para ver um fato verdadeiro onde todos apenas podem querer uma gostosa satisfação imediata. Esse discernimento é o maior presente que é possível receber da vida. Porém, se como dizem, só a verdade liberta, é preciso estar preparado (talvez por isso mesmo se confunda tanto o levar vantagem com a bondade real e, também por esse motivo, nunca são resolvidos nem mesmo os problemas mais básicos da convivência social), pois, ninguém aceita facilmente ser contrariado e parece evidentemente sempre prever que, antes de ser libertado por uma verdade qualquer nessa vida, pode ser que seja necessário sofrer um pouco até que se tenha a força para admití-la por completo. Mas, neste momento, talvez aconteça o que ninguém gostaria um tanto inicialmente, e seja entendido, verdadeiramente, que a festa deveria esperar um pouco mais pra começar desta vez... e neste dia... aconteceu!