31 de mar. de 2014

clouds and poems (project)












clouds are the poems that water writes...










As nuvens estão sempre em peregrinação
Na sua cadência religiosa negam estandartes
Seres místicos de toda uma vida abnegada
Seu deslocamento ritual é uma expressão sagrada
São viajantes e aventureiras que abandonaram tudo
Mas é de sua dança e vôo que todas as nossas idéias nascem
Quando passam em romaria para lugares secretos
Podemos ver as coisas do mundo em seus movimentos
Todas em algum lugar se encontrarão em silêncio
Porém sua fé explodirá seu pranto surpreendentemente
Algumas somente caminharão proféticas em deslizamento
Outras serão telúricas pregadoras de um apocalipse estrondoso
Tantas maneiras têm para andar em sua jornada santa
Com seus mistérios e dogmas de paixão e sacrifício
Saíram sem nada desejar e se desprenderam ainda mais
Só carregam agora o peso da alma
Em busca de seu templo em alturas infinitas
Sua brusca ascensão cede seu corpo em glória elétrica
No milagre simples de sua úmida beatificação
Nos abarcam monstruosas em nosso tempo de terror
Ou são a providência da revelação de uma paz inexprimível



The clouds are always on pilgrimage
In cadence they deny religious banners
Mystical beings of an entire life selflessly
Their displacement is a sacred ritual expression
They are travelers and adventurers who left everything
But from their dancing and flying all our ideas are born
When they pass in secret places by spiritual ways
We can see the world’s things in their movements
All of them will meet each other somewhere in silence
But their faith will explode surprisingly their mourning  
Some of them just walk in prophetic slip
Others will be telluric preachers of a resounding Apocalypse
They have so many ways to walk in their holy journey
With dogmas and mysteries of passion and sacrifice
Without desires they left and have dropped even more
Only carry now the weight of the soul
In search of temples in infinite heights
Their sudden rise gives their own bodies into an electric glory
In the simple miracles of wet beatification
Monstrous cover us in our time of terror
Or are the providence and revelation of a unspeakable peace 






http://waterbodies.org/user/1453


http://cloudspoemsproject.blogspot.com.br/








29 de mar. de 2014

xavecando (poema)



pra xavecar a mulherada
pra humilhar a macacada
pra aniquilar o movimento
pra trancar a criançada
pra arrastar a favelada
pra incendiar o vagabundo
pra estuprar aquela safada
pra apavorar o zé povinho
pra trucidar a indiarada
pra arrebentar assentamento
pra moralizar a arquibancada
pra despedaçar o manifesto
pra acabar com a palhaçada
pra matar o mal no ninho






http://www.youtube.com/watch?v=zHuwIkOMqZs

24 de mar. de 2014

não tenta entender (alucinações)




alucinações: não tenta entender o que não tá entendendo e vai logo entender então que é melhor... se conhece só aquilo que é conhecido então não vai conhecer o que não conhece nunca... se ainda não é então é melhor que não seja mesmo porque ser o não ser que se é enfim é algo que é muito melhor de se ser porque então é...







15 de mar. de 2014

na pele (crônica)



Entrei na padaria e, como aprendi com os senhores de minha família, cumprimentei a todos formalmente, fiz um pedido ao garçom no balcão e fui lavar as mãos. Dali do lavabo pude escutar dois homens que estavam sentados a tagarelar: “precisa passar um sabão nele” (tatuagens, pelas minhas tatuagens). Um outro disse: “deve ter todos os artigos, 171, 155, 157 e tal”... O garçom, que me conhece há tempos, disse em voz baixa sem se preocupar: “esse não tem não”. Sabe de quem isso é culpa nesse nosso momento político de agora? De todos nós que nos julgamos esclarecidos, conscientes, politizados, bem informados, críticos, antenados, engajados, indignados (de todos os lados), mas não entendemos uma coisa básica, pelo menos, sobre o ser humano que somos, pois, antes de tentar reformar o mundo deveríamos reformar a nós mesmos e parar de justificar nossas próprias fraquezas atacando as supostas fraquezas do outro. Sabe o que é essa culpa? É que os covardes (de todos os lados, ou do seu lado não tem?) agem sempre com estupidez, seja qual for a causa justa pela qual se apaixonem. E mais, agem com estupidez e tendem a justificar a estupidez aumentando a carga de estupidez cada vez mais. E, quando fomentamos apenas esses xingos, essas besteiras, provocações, preconceitos, rotulações entre escolhas partidárias (de todos os lados); ridicularizando, marcando essa divisão maniqueísta sem sentido entre as pessoas, determinando uma condição generalizada, grotesca, monstruosa sobre as pessoas antes de tentar conhecê-las... isso pode ser tranquilo onde as coisas se resolvem um pouco mais na brincadeira, mas, por outro lado muito mais obscuro, essa atitude vai é alimentar a estupidez dos covardes (de todos os lados). Como isso acontece? Em lugares psicóticos internos e acocorados (de todos os lados), alguns desses covardes começam a ser instigados, subliminarmente, a reagir nessa sua estupidez peculiar porque, lembre-se, é sua única capacidade de ação: a raiva, a vingança por tudo aquilo que o covarde é obrigado a tolerar em si mesmo e não tem força para admitir, para tentar mudar, pois o covarde não é aquele que não age, mas aquele que age, e fortemente, nessa estupidez. E também porque o principal problema com o covarde é que este tenta de todas as maneiras esconder de todos que é um covarde, e por esse motivo é o primeiro a se oferecer para fazer imbecilidades e ganhar reconhecimento imediato entre os seus comparsas. Entende? É isso que acontece com esses policiais e soldados que agridem indiscriminadamente, aparentemente sem controle como se estivessem loucos e que todo mundo fica horrorizado. Ou, como me contaram, de fonte fiel em experiência própria, por exemplo, em regiões mais do interior do país, simpatizantes de um ou de outro líder político não toleram ao menos um comentário que desrespeite seu idolatrado e "passam o cerol" por nada nada nada. E não é novela não. Todos os enrustidos políticos, os invejosos ideológicos, os cretinos incoerentes, os canalhas ávidos por patente, os párias babando por um poderzinho pornográfico qualquer, os mal-amados amargurados e os desgraçados do amor alheio começam a reagir afoitamente, a odiar o que julgam e dizem pra eles ser seu contrário (de todos os lados). Aí sim é que nascem os torturadores, os arapongas, os que não medem as consequências, os que colocam bombas escondidas, os que deduram injustamente, os que se vingam do amor que perderam, os que assassinam a paixão que nunca poderiam ter. Então, quem é consciente mesmo deveria pensar nisso um pouco e focar, não apenas em desmoralizar seu inimigo odiado... sim claro! único responsável por todos os males da nação, mas, em mostrar as grandes propostas que seu lado tão brilhante diz poder apresentar. Eu já estou sentindo na pele.







11 de mar. de 2014

Conto de Fodas (sátira)



E aqui no Brasil foi assim... Tem sido um conto de fadas e também de fodas pra mim, pois sempre fui fadado a que me fodessem. Desde que eu me vejo nessa. De outra época fale quem viveu o quê. No início era uma vez e em toda parte andando os Cavaleiros de Chumbo da Morte (que escreviam e se não lia o pau comia) que desciam o porrete, jogavam os contras vivos no mar e os artistas bacanas mandavam de boa pra Europa. Um dia veio o Mágico dos Póz e Supositórios (que escrevia com a gilete fazendo carreiras e mais carreiras) que cheirou o país inteiro, sacou toda de uma vez só a grana do caixa e pá, e está por isso mesmo até hoje e ainda dá pra sair na foto sorridente abraçando o maior Ogro Sarnento da nação que até hoje só vive nas cavernas (que escreveu umas merdas babadas). Depois por um tempo se corresse o Príncipe dos Sociólogos (que esqueceu o que havia escrito) liberando tudo fez pacto com o demônio, e te rasgava inteiro e te privatizando junto na hora falando com a batata quente na boca: Eu sou free! Eu sou free! Je suis libre! Je suis libre! E logo mais um pouco se ficasse o Sapo Barbudo Pinguço (que nunca escreveu nada e acha que isso é uma puta frescura) que aprendeu a fingir sorrisos pra ganhar e ganhou... e te comia e ainda tá te comendo e tem que carregar pra ele as suas bolsas, bolas e os bagos fedidos dos escrotos do partido dele... e agora a Rainha Má de Cara Fechada (que nunca escreveu só preencheu tabelas e mais tabelas de estatística) que manda derrubar barracos, queimar florestas, inundar aldeias e se precisar também socará o exército em cima do próprio povo e aí vira a carinha pro lado na frente do espelho e fica repetindo pra ela mesma com biquinho: pib... pib... pib... pib... e te manda pro calabouço esculhambado... CALABOUÇA! É TERRRORÍSTICO!







7 de mar. de 2014

tela nua (poema)






a tela nua como fosse o sol
a noite de lua apenas uma nova mensagem
de tanto verem o mundo pelo led
seus amigos lhes desconheciam
o cheiro, a tez ou mesmo o rouco da voz
daqueles amorosos comentários
pouco mais de nada foram curtidos
baixavam toda esperança que encontravam
ainda assim compartilhavam... compartilhavam...
trocaram as imagens da capa e do avatar
a última vez que os viram excluíam seu amor daquilo
perdidos entre uns sorrisos e algum outro bloqueio
viveram secretamente uma angústia sem teclado
perceberam o sangue sob a pele
e uma vida no peito que batia e batia
mais profunda do que diriam as fotos da suposta alegria
e ninguém mais está falando nisso
era uma conexão de lágrimas
num perfil trágico e delicado
chovia na atualização das nuvens
e escorreram por terra todas as suas postagens