eternal totems






Totens Eternos é um projeto de land art. É factível tecnicamente, porém, economicamente é completamente irrealizável para mim, a não ser que eu consiga um patrocinador ou financiamento. A ideia é fabricar blocos de vidro maciço fundidos em uma única peça. São totens com medidas gigantescas para serem colocados ao ar livre em lugares públicos urbanos ou rurais. Cada escultura teria as dimensões a partir 4 metros de altura com largura a partir de 1 m². Cada metro cúbico de uma obra dessa pesaria 1 tonelada.

O conceito é o tempo, o peso e a transparência da sua eternidade, já que o vidro é eterno. O Tempo pode aparecer tanto numa expressão horizontal como vertical. Sua horizontalidade é, porém, um elemento ilusório que só pode ser provado pela manutenção de alguma materialidade. Todavia, a durabilidade revela sempre uma melancolia, pois, é possível restaurar a materialidade, mas somente quando se age verticalmente através da reorganização de sua carga, de seu peso possível. O projeto de manutenção é aquele que sustenta a carga do Tempo na materialidade e reorganiza constantemente sua estabilidade. A importância dos Totens Eternos é manter a verticalidade poética da matéria, pois aí está manifesta uma estética a cada instante em que a olho. O poema é vertical. O Tempo não é uma linha que perde e se desliga do que já aconteceu. O Tempo não passa, é carregado. O importante em relação ao Tempo é a carga que este me impõe. Isso nada se parece com uma seqüência em que coisas deixam de existir ponto a ponto. A função da sua horizontalidade é baseada no esforço que faço para carregar essa carga, o quanto agüentar. Por este motivo é que espiritualmente não importa o acúmulo de conhecimento horizontal. É possível conhecer tudo verticalmente, e essa é a revelação relacionada ao tema primitivo do Tempo. O conhecimento que importa para o trabalho da alma artística é o vertical, aquele que é carregado de energia do arquétipo. Não se aprende com o passar das coisas, mas sim proporcionalmente à abertura que se suporta dar à verticalidade dessa entidade. Por este motivo é que apenas o passar dos anos em si mesmo pode não representar sabedoria nenhuma e, por este mesmo motivo, uma fração ínfima de segundo pode revelar todo o universo. Uma disposição poético/estética do ritmo/ritual é o movimento do Tempo quando mostra o trato da sua carga. O ritmo é a pancada do Tempo que o ritual reverencia. A duração do ritual, e por isso este carrega uma imensa carga mística, só pode ser medida na verticalidade do assombro que visa equalizar pelo ritmo que está subjacente. O Tempo é uma verticalidade que se arrasta, como um furacão. Por isso seu desenrolar tem uma noção de poder destrutivo, de desatino, destino e fatalidade. A observação da potencialidade do Tempo nos processos da alma artística, na imaginação, implica em elaborar e realizar um ritual que reverencia, antes de qualquer coisa, a urgência de uma escolha de um ritmo possível de ser empregado diante de uma situação implacável, na imposição de uma atuação que não pode ser protelada. Neste sentido, o Tempo, enquanto proposição de um tema primitivo, não é um passeio que posso realizar e desfrutar, mas, uma estrondosa manifestação instantânea que despenca seu peso sem descanso sobre minha existência e que, eternamente, obriga a reagir.   


Eternal Totems is a land art project. It is technically feasible, but economically it is completly unfeasible for me, unless I can find a sponsor or financing. The idea is to manufacture solid glass blocks fused into a single piece. These are gigantic totems to be placed outdoors in urban or rural public places. Each sculpture would have dimensions starting at 4 meters in height and starting at 1 m² in width. Each cubic meter of such a work would weigh 1 ton.

The concept is time, the weight and transparency of its eternity, since glass is eternal. Time can appear in both a horizontal and vertical expression. Its horizontality is, however, an illusory element that can only be proven by maintaining some materiality. However, durability always reveals a melancholy, since it is possible to restore materiality, but only when one acts vertically by reorganizing its load, its possible weight. The maintenance project is one that sustains the load of Time in materiality and constantly reorganizes its stability. The importance of Eternal Totems is to maintain the poetic verticality of the material, because therein lies an aesthetic manifested at every moment in which I look at it. The poem is vertical. Time is not a line that is lost and disconnected from what has already happened. Time does not pass, it is carried. The important thing in relation to Time is the burden it imposes on me. This is nothing like a sequence in which things cease to exist point by point. The function of its horizontality is based on the effort I make to carry this burden, as long as I can bear it. For this reason, spiritually, the accumulation of horizontal knowledge is not important. It is possible to know everything vertically, and this is the revelation related to the primitive theme of Time. The knowledge that is important for the work of the artistic soul is vertical, that which is charged with the energy of the archetype. One does not learn as things pass, but rather in proportion to the openness that one can bear to give to the verticality of this entity. For this reason, the mere passing of years in itself may not represent any wisdom, and for this same reason, a tiny fraction of a second can reveal the entire universe. A poetic/aesthetic disposition of rhythm/ritual is the movement of Time when it shows the handling of its burden. Rhythm is the blow of Time that the ritual reveres. The duration of the ritual, which is why it carries an immense mystical charge, can only be measured in the verticality of the wonder that aims to equalize by the underlying rhythm. Time is a verticality that drags on, like a hurricane. That is why its unfolding has a notion of destructive power, of madness, destiny and fatality. The observation of the potential of Time in the processes of the artistic soul, in the imagination, implies elaborating and performing a ritual that reveres, before anything else, the urgency of choosing a rhythm that can be used in the face of an implacable situation, in the imposition of an action that cannot be postponed. In this sense, Time, as a proposition of a primitive theme, is not a walk that I can take and enjoy, but a thunderous instantaneous manifestation that falls its weight without rest on my existence and that, eternally, forces me to react.